A ISO 50001:2018 é uma norma internacional. Como segue o mesmo High Level Structure (HLS) que as demais normas ISO aplicadas mundialmente, como a ISO 9001 e ISO 14001, será mais fácil integrar com outros sistemas de gestão.
Se você já aplica a ISO 50001:2011, irá reconhecer a maioria dos requisitos na ISO 50001:2018. Entretanto, existem algumas alterações da ISO 50001:2011 que você deve estar preparado para realizar a transição e ficar em conformidade com a ISO 50001:2018.
Principais alterações na ISO 50001:2018 comparadas com a edição de 2011
Existem algumas alterações a considerar:
1) Alterações devido à adoção do HLS
- Nova cláusula para entender a organização e seu contexto (4.1)
Uma organização deve determinar as questões internas e externas relevantes para sua finalidade e que afetam sua capacidade de alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão de energia e melhorar sua performance. Isso pode ser considerado como um entendimento do alto nível dos fatores influentes que afetam, negativa ou positivamente, o desempenho energético e o sistema de gestão da organização. - Nova cláusula para determinação sistemática das necessidades e expectativas das partes interessadas (4.2)
A intenção é utilizar as informações contextuais para identificar as partes interessadas relevantes para o desempenho energético e do sistema de gestão, e suas necessidades e expectativas (requisitos) de uma perspectiva de alto nível. - Ênfase reforçada na liderança e comprometimento da alta gestão
O capítulo 5.1 inclui novas demandas para envolver e demonstrar ativamente a liderança para a eficácia do sistema de gestão de energia. - Gerenciamento de riscos e oportunidades
O capítulo 6.1 exige determinar e, quando necessário, tomar medidas para lidar com quaisquer riscos ou oportunidades que possam impactar (positiva ou negativamente) a capacidade do sistema de gestão de fornecer os resultados pretendidos. Observe que considerações de risco e oportunidades fazem parte da tomada de decisão estratégica de alto nível em uma organização. Ao identificar riscos e oportunidades ao planejar um sistema de gestão, uma organização é capaz de antecipar possíveis cenários e consequências para que os efeitos indesejados possam ser tratados antes que ocorram. Da mesma forma, considerações ou circunstâncias favoráveis que possam oferecer vantagens potenciais ou resultados benéficos podem ser identificadas e adotadas. Esse processo pode ser considerado complementar ao 6.3 "Revisão Energética", que é uma revisão operacional ais detalhada para controlar e melhorar o desempenho energético. - Competência (7.2)
Requer que uma organização determine a competência necessária da(s) pessoa(s) trabalhando sob seu controle e que afete o desempenho energético e do SGEn. Além de avaliar a eficácia de ações tomadas para adquirir a competência necessária. - Requisitos estendidos relacionados às comunicações (7.4)
- Inclui também comunicação externa, não apenas comunicação interna;
- É mais prescritiva em relação aos "mecanismos" da comunicação, incluindo a determinação do o que, quando, como e quem deve comunicado e com quem.
- Requer que a informação comunicada seja consistente com a informação gerada no SGEn. - Planejamento e controle operacional (8.1)
Alguns complementos nos requisitos a serem observados:
- Controle das mudanças e revisão das consequências de mudanças não-intencionais (do HLS)
- Assegurar o controle de usos significativos de energia (USE) terceirizados ou processos relacionados aos USEs.
- Informação documentada a ser mantida na medida do necessário para ter confiança de que os processos foram realizados conforme planejado (da HLS). - Monitoramento, medição, análise e avaliação do desempenho energético e do SGEn (9.1)
Requisitos adicionais:
- necessários para determinar os métodos de monitoramento, medição, análise e avaliação;
- requisitos inequívocos de informação documentada, tanto da investigação e resposta após desvios no desempenho energético, como dos resultados do monitoramento e medições. - Revisão da gestão (9.3)
Alguns inputs e outputs adicionais a serem considerados para a revisão da gestão energética.
2) Mudanças específicas para a gestão de energia
- O Escopo (4.3)
- Fica explícito que tipos de energia dentro do escopo e dos limites do SGEn não serão excluídos.
- As organizações devem assegurar que têm autoridade para controlar a eficiência energética, o uso energético e consumo de energia dentro do escopo e seus limites. - Revisão energética (6.3)
Esclarece os processos relacionados ao uso significativo de energia (USE) para criar um "fluxo" mais lógico e critérios conectados: Identificar USE => Para cada USE, definir as variáveis relevantes, desempenho energético atual e identificar pessoas que influenciam ou afetam o USE. - Indicadores de desempenho energético (6.4)
Algumas alterações:
- Os indicadores de desempenho energético (IDE) devem permitir à organização demonstrar melhoria do desempenho energético.
- Quando a organização tiver dados indicando que variáveis relevantes afetam significativamente o desempenho energético, tais dados devem ser considerados para estabelecer o(s) IDE(s) apropriado(s) para assegurar que o IDE é "adequado ao propósito".
- O(s) valor(es) do IDE deve(m) ser retido(s) como informação documentada. (Nota: Como também exigido em 2011, o método para determinar e atualizar os IDEs deve ser documentado). - Linha de base energética (6.5)
Mudanças a serem observadas:
- Quando a organização tem dados indicando que variáveis relevantes afetam significativamente o desempenho energético, a organização deve realizar a normalização do(s) IDE(s) e da linha de base energética correspondente para comparar as mudanças no desempenho energético.
- Novas definições para "fator estático", "variável relevante" e "normalização" (3.4.8-3.4.10)
- A linha de base deve ser revista quando houver "grandes mudanças nos fatores estáticos". - Planejamento para recolha de dados energéticos (6.6)
Este termo substitui o "pçano de medição de energia" na edição de 2011. Os acréscimos são:
- Fica explícito que "O plano deve especificar os dados necessários para monitorar as características principais e indicar como e com que frequência os dados devem ser coletados e retidos".
- Direciona explicitamente para que "áreas" os dados devem ser coletados: "Os dados a serem recolhidos (ou adquiridos por medição, conforme aplicável) e retidos como informação documentada devem incluir:
- as variáveis relevantes relacionadas aos USEs;
- o consumo de energia relacionado aos USEs e à organização;
- características operacionais relacionadas aos USEs;
- fatores estáticos, se aplicável;
- dados especificados nos planos de ação.
- O plano de coleta de dados energéticos deve ser revisto a intervalos definidos e atualizado conforme apropriado.
Outras mudanças a serem observadas
- Design (8.2)
Ainda que em grande parte seja semelhante ao ponto 4.5.6 na edição de 2011, a seguinte alteração deve ser notada: Declara explicitamente que o desempenho ao longo da vida operacional planejada ou esperada deve ser analisado ao considerar as oportunidades de melhoria energética e controle operacional no projeto de instalações novas, modificadas e renovadas, equipamentos, etc. que possam ter um impacto significativo no seu desempenho energético. - 8.3 “Aquisições”
Ainda que em grande parte seja semelhante ao ponto 4.5.7 na edição de 2011, a seguinte alteração deve ser notada: É explicitamente exigido que sejam definidas as especificações (conforme aplicável) para aquisição de equipamentos e serviços, agora também para a aquisição de energia. - Capítulo 3 - Termos e definições:
- definem-se 40 termos contra os 28 da edição de 2011;
- 18 termos são novos. 13 dos novos termos são adotados da HLS, enquanto 5 são novos termos específicos de energia.
- Os 5 termos específicos de energia são: "melhoria do desempenho energético", "fatores estáticos", "variáveis relevantes", "normalização" e "valor do indicador de desempenho energético (valor do IDE)". Estes devem ser anotados, pois ajudam a proporcionar clareza.
- 5 termos da edição de 2011 foram descontinuados. Estes são: "serviços energéticos", "correção", "ação preventiva", "registro" e "procedimento".
- A HLS não inclui uma cláusula específica para ou refere-se ao termo "Ação Preventiva". Entretanto, o conceito de ação preventiva é considerado como implicitamente embutido nas normas (por exemplo, através de 4.1, 4.2, 6.1).
- “Informação Documentada” é agora termo usado como substituição de "Documentos" e "Registros".
- O termo "representante de gestão" já não é utilizado, no entanto, todas as responsabilidades dirigidas a este papel na edição de 2011 são agora dirigidas à equipe de gestão de energia.