Analise Quantitativa de Riscos

Uma vez entendidos os perigos, oportunidades e ameaças a uma atividade, processo ou negócio, alguns deles demandam o conhecimento aprofundado das possíveis consequências em termos de gravidade e probabilidades/ frequências, para que as tomadas de decisão sobre as formas de controle sejam as mais efetivas e eficazes.

Etapa 1: Estimativa de Consequências e Análise de Vulnerabilidade

A análise de vulnerabilidade tem por finalidade a determinação do nível de dano gerado nos recursos (humanos, ambientais e instalações físicas) localizados na área de influência dos acidentes. Consiste na utilização de técnicas de engenharia para modelagem e simulação de acidentes com a utilização de “softwares”, visando determinar e mapear as áreas passíveis de serem atingidas pelos efeitos físicos e toxicológicos, originados por acidentes envolvendo produtos perigosos, sejam eles, tóxicos, inflamáveis ou explosivos.

A representação das áreas vulneráveis será apresentada sob a forma de tabelas, onde constarão as características do acidente e os respectivos alcances relativos aos efeitos físicos considerados. Desta forma, serão determinadas e calculadas as extensões de dano dos cenários que também serão representadas graficamente sobre desenhos ou fotos aéreas, permitindo-se avaliar os efeitos provocados pelas hipóteses acidentais nas instalações e/ou comunidades vizinhas aos respectivos pontos de liberação de produtos.

Para os efeitos com os maiores alcances observados, serão feitas representações gráficas sobre imagens da área da planta para permitir a visualização das áreas que poderiam ficar sujeitas aos diversos níveis de danos.

Tal avaliação servirá de base para tomada de decisão com relação a ações futuras, como por exemplo, modificação de rotas de fuga e o redimensionamento do Plano de Ação de Emergências (PAE).

Nesta etapa, partindo-se da identificação e definição dos cenários, será utilizado o Programa Phast (Process Hazard Analysis Software Tools), desenvolvido pela DNV, que tem como base modelos de cálculo utilizados internacionalmente. Este programa foi lançado em 1991, contando atualmente com uma base de centenas de usuários em diferentes partes do mundo. Graças a um constante investimento da DNV na atualização do mesmo, os modelos utilizados são representativos do estado da arte no que se refere à avaliação de efeitos físicos decorrentes de acidentes em instalações com substâncias químicas. Pode-se dizer, sem dúvida, que se trata do mais avançado programa de avaliação de efeitos físicos e consequências de acidentes característicos da indústria de processos químicos.

O Phast vem sendo adotado pela maioria das companhias internacionais e governos como uma ferramenta de suporte para tomada de decisão nos assuntos de risco industrial e segurança das comunidades vizinhas a instalações industriais.

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Os resultados obtidos para as nuvens de gás podem ser apresentados na forma de relatórios com os principais dados das nuvens formadas, na dispersão, ou na forma de gráficos, que representam as nuvens em três dimensões possíveis: visão lateral, visão frontal e corte superior, conforme exemplificado na Figura 1 ao lado. O Phast inclui 3 modelos de explosão que podem ser utilizados, conforme opção do analista: TNT Equivalente, Multi-Energia e Baker-Sthrelow.  Para liberações de produtos tóxicos, equações de PROBIT são utilizadas para definir doses tóxicas e seus efeitos sobre as pessoas, seguindo modelos apresentados pelo Green Book.

Etapa 2: Estimativas de Frequências

Através da metodologia denominada Análise de Árvore de Falhas serão determinadas as frequências de ocorrência dos eventos cujas consequências extrapolem os limites do empreendimento. Para tanto poderão considerados dados históricos, além de bancos de dados internacionais.

Etapa 3: Avaliação dos riscos

Com base nos resultados obtidos nas etapas anteriores, os riscos serão calculados na forma de risco social (curva F x N) e risco individual (curvas de iso-risco). Para fins de verificação quanto a tolerabilidade, os resultados obtidos serão comparados com os critérios estabelecidos pela FEPAM-RS. Cabe destacar que o risco social será calculado, tanto para o público externo como interno do local.

Será utilizado o software denominado PhastRisk (antes conhecido como Safeti) igualmente desenvolvido pela DNV - Risk Management Software (DNV RMS) sendo o programa mais utilizado internacionalmente para a avaliação quantitativa de riscos de instalações de óleo e gás, petroquímicas e químicas. Desenvolvido há mais de 20 anos, sob o patrocínio do Ministério do Meio Ambiente da Holanda (que até o presente continua sendo a principal força motriz do seu contínuo aprimoramento), o PhastRisk constitui-se atualmente no padrão da indústria mundial para avaliações quantitativas de risco.   Foi projetado para realizar todas as etapas de uma Análise Quantitativa de Risco (AQR), desde a entrada dos dados de frequência dos eventos iniciadores de acidente até a avaliação das consequências de cada cenário e, em seguida, a apresentação dos resultados em forma de gráficos e tabelas, tudo isso dentro de um ambiente aplicativo integrado.   O PhastRisk possui internamente um amplo conjunto de árvores de eventos necessárias para modelar as mais diversas sequências de acidentais possíveis de acontecer a partir dos eventos iniciadores de acidente, sendo, portanto, capaz de modelar todos os tipos de acidentes relevantes para uma AQR. Os cálculos de consequência são feitos pelas mesmas rotinas de cálculo utilizadas no Programa Phast.   O PhastRisk fornece tanto os riscos individuais como os riscos sociais da instalação analisada. Os primeiros são fornecidos sob a forma de contornos de risco individual sobrepostos em mapas ou gráficos da região e das redondezas, conforme ilustrado na Figura 4. Fornece também gráficos dos perfis de riscos individuais, os quais são de grande utilidade, pois fornecem uma visão muito clara da variação dos riscos em função da distância à origem do evento (ver ilustração na abaixo).  


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Gráfico mostrando perfis de riscos individuais produzidos pelo PhastRisk

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Contornos de Risco Individual produzidos pelo PhastRisk plotados sobre mapas das instalações e da área afetada

Etapa 4: Proposição de medidas mitigadoras, preventivas e/ou de controle

De acordo com as análises e os resultados, a equipe responsável pela condução dos trabalhos proporá medidas preventivas, mitigadoras e/ou de controle com a finalidade de manter e/ou reduzir os riscos proporcionados pelos eventos em valores aceitáveis, ou seja, dentro da faixa de tolerabilidade. Como resultado, os riscos serão recalculados, considerando as medidas mitigadoras como implementadas, a fim de se verificar quanto foi a redução e se foram alcançados os níveis de tolerabilidade.

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