A segurança energética é a prioridade número um no trilema energético para 2023
Os profissionais da energia estão priorizando energia segura no trilema, seguida por energia limpa e em terceiro lugar por energia a preços acessíveis
- Os profissionais da energia estão priorizando energia segura no trilema, seguida por energia limpa e em terceiro lugar por energia a preços acessíveis
- Menos da metade do ramo tem confiança em que conseguirá satisfazer as metas de descarbonização e do clima apesar do ritmo da transição
- A maioria na área de renováveis acredita que a preocupação com segurança energética trará consigo mais investimentos
- O setor energético aponta cada vez mais para uma necessidade urgente de um investimento maior na rede
- A metade dos profissionais envolvidos com petróleo e gás antecipa um maior investimento em petróleo no próximo ano
OSLO, Noruega, 1 de março de 2023 – Preocupações com a segurança energética superam a energética limpa e a energia a preços acessíveis na lista de prioridades para empresas energéticas de todo o mundo, com o ramo a dizer que o sistema energético não resolverá o trilema energético na próxima década, de acordo com a pesquisa da DNV que analisa os pareceres de mais de 1300 profissionais seniores do ramo energético, baseada numa pesquisa realizado num momento oportuno em dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
A segurança energética porá em segundo plano os setores de petróleo e gás no próximo ano. Os maiores nomes em energias renováveis estão mantendo seu foco em energia limpa, enquanto as prioridades de consumidores de energia industrial contrastam com seus fornecedores e parceiros por priorizarem energia acessível e a preços módicos.
Apenas 39% dos profissionais do ramo energético têm a confiança de poder cumprir as metas de descarbonização e clima, todavia o ritmo da transição energética é o que mais impulsiona a confiança entre os profissionais do ramo energético para o próximo ano. A maioria acredita que a transição energética está acelerando.
Resolver o trilema energético – fornecer energia segura, limpa e a preços acessíveis – é visto pelo ramo energético como uma meta de longo prazo, de acordo com Trilemma and Transition: The momentum to break barriers, a mais recente edição da pesquisa anual da DNV sobre o horizonte no ramo energético. Poucos no ramo (17%) acreditam que a transição fornecerá energia segura, limpa e a preços acessíveis na próxima década para todas as partes do sistema energético no seu país. A maioria (41%) considera que isto poderá ser alcançado daqui a 10 ou 20 anos, enquanto um grupo considerável (32%) acredita que este resultado crucial da transição energética só será atingido depois de iniciado o ano de 2040. Há um consenso quanto a este horizonte em várias regiões. Apenas os profissionais do ramo energético na América do Norte são mais conservadores quanto ao momento em que ocorrerá.
“O trilema energético está em foco em 2023 à medida que o sistema energético enfrenta solavancos nos três aspectos. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o mundo lembrou-se da fragilidade da segurança energética; usinas de carvão estão sendo postas para funcionar enquanto projetos com energias renováveis se encontram sob pressão, ao mesmo tempo que os consumidores de energia também estão sendo pressionados por causa do preço desta,” comenta Ditlev Engel, presidente-executivo de sistemas energéticos da DNV. “O trilema também está em transição. Num ano complexo e difícil para o ramo energético, vemos que o trilema traz competição entre as prioridades. Mas em um sistema energético descarbonizado, a sustentabilidade e a segurança energéticas assim como preços acessíveis seguem a mesma direção. Os setores público e privado podem resolver o trilema por meio de uma nova abordagem de ajustes e implementação.”
Aproximadamente 80% dos profissionais do setor de renováveis creem que preocupações com a segurança energética acarretarão investimentos em renováveis no próximo ano, enquanto a maioria (61%) proveniente de várias áreas do ramo energético alega que suas empresas podem ser mais lucrativas se melhorarem a sustentabilidade.
Diferentemente disso, um ano recorde de contrastes para o ramo de petróleo e gás redefiniu o que significa ter lucros aceitáveis para o setor. Em 2022, 52% dos executivos das áreas de petróleo e gás disseram que suas organizações teriam lucros aceitáveis se a média do preço do petróleo chegasse a uma média de 40 a 50 dólares americanos por barril. Para o próximo ano, apenas 39% têm a mesma impressão. Metade dos inquiridos dos ramos do petróleo e gás (53%) diz que suas organizações incrementarão os investimentos em gás em 2023, aumentado 8 pontos percentuais de ano a ano. Cerca de 43% dos ramos de petróleo e gás antecipam maiores investimentos no petróleo, subindo 9 pontos percentuais. Empresas de petróleo e gás estão retardando sua transição para áreas fora dos negócios principais de hidrocarbonetos e são reservadas quanto ao seu foco em descarbonização em comparação com 2022.
Em 2023, o ramo energético como um todo antecipa maiores investimentos em fontes de energia limpa e seus vetores. Metade dos profissionais do ramo energético antecipa investimentos em hidrogênio de baixo carbono/amônia (52%). Há proporções semelhantes nas áreas eólica (49%) e solar (46%). A expectativa de mais de um terço é que se invista mais em captura e armazenamento de carbono. Em tecnologias capacitadoras, 6 em cada 10 afirmam que suas organizações estão aumentando os investimentos em eficiência energética e digitalização. Metade do ramo está investindo em tecnologias de armazenamento de energia.
“A transição energética acelerou devido à pandemia e à crise energética, e isto fez com que mercados tivessem dificuldades para se manter atualizados, através de sistemas de transmissão e distribuição, cadeias de fornecimento, permissões e licenças, financiamentos, infraestrutura e mão de obra,” diz Engel. “No próximo ano, poderemos ver uma desaceleração na redução de combustíveis fósseis, mas potencialmente também uma desaceração no crescimento de energia limpa – se não se superarem as barreiras. Governos e decisores políticos devem interceder e remover as barreiras para que haja implementação, e todos no ramo energético devem levar a transição adiante.”
A pesquisa da DNV encontra sinais de que as barreiras poderiam retardar o ritmo da transição energética no próximo ano, mas tais barreiras tendem a ser rompidas à medida que as sociedades sentem cada vez mais os efeitos das crises climática e energética e gargalos se agudizam ao não permitirem avanço.
Praticamente todos no setor energético concordam em que se deve investir mais na rede, enquanto somente um quinto no setor de renováveis diz ser suficiente a capacidade de transmissão para permitir a expansão de renováveis.
Três quartos do ramo energético dizem que problemas com a cadeia de fornecimento estão diminuindo o ritmo da transição, enquanto menos da metade no ramo (44%) antecipa uma melhora significativa na disponibilidade dos serviços em 2023.
Para o setor de renováveis, falta de políticas/de apoio governamental e problemas com permissões/licenças são as maiores barreiras para o crescimento, e a maioria avassaladora (88%) diz que acelerar as permissões e licenças é indispensável para cumprir as metas climáticas.
Aproximadamente 40% das empresas energéticas globalmente estão tendo cada vez mais dificuldades em garantir financiamentos a preços razoáveis para seus projetos. Regionalmente, organizações na América do Norte e Europa têm mais facilidade em conseguir financiamentos. Por setor, quase metade das empresas energéticas (47%) e 62% dos consumidores de energia industrial estão tendo cada vez mais dificuldade em assegurar financiamentos.
Sobre a pesquisa
A pesquisa da DNV Energy Industry Insights – no seu décimo terceiro ano – explora a confiança, as sensações e as prioridades para o ramo energético no próximo ano.
Trilemma and Transition: The moment to break barriers faz uso da pesquisa global da DNV com mais de 1300 profissionais seniores no ramo energético. É complementado por um programa com entrevistas aprofundadas com os maiores nomes do ramo energético. É desenvolvido e criado por equipes da DNV e FT Longitude (uma empresa listada na Financial Times).
A pesquisa foi realizada em dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Foram entrevistadas pessoas de todos os setores do ramo energético, desde energia elétrica, renováveis, petróleo e gás, passando por especialistas do ramo (por exemplo, em tecnologia, finanças ou políticas) até consumidores de energia industrial. Os entrevistados representam uma gama de funções dentro da indústria, de executivos de nível de diretoria a engenheiros seniores.